quinta-feira, abril 30, 2009

Super [ficialmente] Perfeita

Passar cinco minutos que fosse ao lado dela era um suplício. O celular não parava de tocar, fossem ligações, fossem SMS's. O MSN dela era desesperador: 800 contatos online, 34 janelas de conversa abertas e bombando alucinadamente, piscando igual luzinha de natal. Era incrível a quantidade de convites que ela recebia para fazer de tudo. Enquanto meu celular tocava duas ou três vezes por dia, sendo que a maior parte das vezes era minha mãe querendo saber onde eu estava. Enquanto isso, eu passava os sábados e domingos em casa, assistindo Ugly Betty, American Idol e até o Silvio Santos. Não passava um dia sem que todos os testimoniais do perfil dela não tivessem sido substituídos por outros doze novos, declarando o quão legal e bacana ela era e como ela tinha se revelado uma pessoa insubstituível em tão pouco tempo. O guarda-roupa também era muito invejável. Milhões de roupas, seiscentas calças jeans, nove mil e trezentas blusinhas, seis mil e doze jaquetas. Nada ali era feio. Nem barato. E quando ela ia ao shopping, ainda voltava abarrotada de sacolas. Tudo dela sempre foi o melhor. As viagens, os amigos, as baladas, as histórias, as roupas. Menino nunca faltou. Era até meio galinácea. Tudo (e todos) que ela quis, ela teve. E talvez por isso, apesar de - ou por causa de - tudo o que ela tinha na vida, ela era vazia. Oca, da mesma forma que meu estômago ficava toda vez que a gente estava juntas. Eu admito: já senti inveja, já quis ser um terço de tudo o que ela era. Já chorei por alguma coisa horrível que ela falou lá de cima do seu pedestal. Mas justamente por estar tão perto sempre, eu percebi que aquilo não significa nada. Eu percebi que todo aquele teatro escondia coisas horríveis e que ser ela não era fácil. Você não pode errar, tem que estar sempre perfeita, dizer as coisas certas, vestir os modelitos certos, ir aos lugares certos e estar cercada de pessoas que nem sempre são certas para você. Viver uma vida onde você tem que representar o tempo inteiro é muito desgastante.E eu sei que - cedo ou tarde - ela vai descobrir que aquilo que ela sente não é felicidade. É superficialidade. Pauta pro blog ;* ---------------------------------------------------------------------------- 

domingo, abril 26, 2009

Meu coração é alvinegro e bate forte por você

Esta blogueira que vos escreve está indo para a Vila Belmiro nos próximos instantes.
Se vocês voltarem a este blog e não nunca mais encontrarem nada, significa que eu infartei.
Rezem por mim. Torçam pelo meu Santos!
E se alguém me vir tendo um treco, por favor, me coloquem na ambulância e assistam o resto do jogo. Minha carteirinha do convênio tá na bolsa.

Beijos!
"Santos você é minha vida, eu te amarei até
morrer"

PS: é brincadeira mãe. é brincadeira pai. é brincadeira irmãos. Eu vou sobreviver.


sábado, abril 18, 2009

Dias atrás, anos atrás, nunca mais.

Se eu pudesse brincar de Marty McFly eu aceleraria meu carro e voaria para esses dias que teimam em me acompanhar no presente. Voltaria para aqueles dias em que a gente tem ataques absurdos de risos, que fazem doer a barriga, molham o rosto de lágrimas e fazem a gente ver a vida tão colorida que precisa até de óculos escuros porque tanta cor faz doer a cabeça. Voltaria para aquela noite, quando me perdi naqueles braços e nada mais parecia importar. Eu não pronunciaria a terrível palavra "acabou". Eu passaria mais tempo com a minha cachorrinha e daria uma voltinha no colegial, porque se há um tempo em que a gente é feliz e não faz idéia, é o colegial. Eu seria menos orgulhosa, daria valor à coisas que são importantes de verdade. Teria agarrado algumas amizades com tanta força, que elas não conseguiriam ir embora.
Não voltaria apenas para os dias felizes, entretando. Houve tantos dias sofridos que me fizeram sentir tão viva, que vale a pena dar uma espiada neles novamente. Não diria tanto 'sim' quando sabia que o certo era dizer 'não'. Teria amado mais, respeitado mais, ouvido mais e feito mais coisas daquelas que ficam marcadas para sempre. O problema é que passado não se muda. O bom é que o futuro sim.

"O que você faria se pudesse voltar no tempo?"

sexta-feira, abril 10, 2009

UnHappy

Hoje o Sol não devia ter nascido.
Não o Sol, não aquele que esquentou o corpinho dela tantas vezes, durante tantos anos.
Hoje todos os cães da cidade deveriam guardar silêncio e sequer ganir. Especialmente todos aqueles que - mesmo tão pequena - ela sempre enfrentou com coragem.

Apaguem o Sol, acabem com as estrelas, pintem o céu de luto. Me deixem sair daqui, ir para qualquer lugar onde ela esteja. Ou ao menos onde ela não esteja. Onde nenhuma parte dela, nenhuma lembrança, nenhuma memória possa me atingir. Calem os cães, desliguem as luzes, parem as músicas, acabem com o riso.

Hoje eu saí de casa com a minha Happy, pequenininha, velhinha, com dor na patinha, que já deu tanto trabalho. E voltei sem ela, com os braços vazios. Durante todo o caminho, foi difícil segurá-la em uma posição confortável, que permitisse toda aquela inquietude natural dela e que a tranquilizasse.

Quando chegamos ao veterinário, em busca de algum remédio para a dor, ela era o menor cachorrinho do lugar. Em meus braços, embrulhada em uma toalha laranja, ela olhava tudo - com o olho bom - com curiosidade, querendo entender. Quando a mulher de avental branco a pegou no colo, ela sabia e chorou. E cada vez que ela chorava, meu coração dava saltos, esmagado dentro do peito. E cada vez que aquele assistente segurava ela de um jeito que ela não gostava, o nó na minha garganta ficava maior. E quando meu irmão falou sobre sacrifício, eu chorei junto com a Happy. Chorei sem conseguir me conter, chorei um choro doído, mas que mal sabia eu, ia doer muito mais.

E quando meu irmão foi ligar para a minha mãe, eu chorei mais. E a cada vez que a minha pequena chorava, eu sabia que eu estava perdendo. Tudo errado. Tudo errado.

Será que aquele assistente desajeitado não sabia que segurá-la esmagando-a contra a mesa fria não era o jeito certo? Achando que não e querendo dignidade, dei a volta na mesa e tomei minha pequena nos braços. Seu corpinho tão quentinho e tão familiar se ajeitou nos meus braços e eu sentia que não podia aguentar. Eu não podia deixar que ela fosse. Eu não podia soltar aquele pedacinho que tinha tanto do meu amor dentro. Foi a última vez que segurei aquela que foi minha companheira durante 14 anos. Foi a última vez que eu beijei aquela cabecinha marrom, chapinhada de branco. Foi a última vez que senti aquele amor todo, incondicional.

Eu não podia ficar na sala, vendo ela morrer. E então eu saí. Saí e a deixei sozinha. Deixei ela com aquelas pessoas estranhas, que sequer sabiam segurá-la, que sequer a amavam.

De volta na recepção, eu ouvi ela chorar e gritar e olhei para a sala. A mulher de avental branco a segurava e vi que a Happy olhava pela porta, como quem estivesse procurando. Como quem quisesse saber porque a deixei ali sozinha, com aquelas pessoas estranhas? Eu fechei os olhos e virei a cabeça. E mais uma vez eu a deixei sozinha. E mais uma vez, eu abandonei aquela que jamais me abandonaria, se pudesse escolher. Eu não conseguia ver nada, só dor.

A porta verde foi fechada, mas mesmo assim eu ainda ouvia os últimos gritos dela. E cada um deles enterrou uma faca no meu coração. E eu não posso me perdoar.

O caminho pra casa foi silencioso, com lágrimas lavando meu rosto e me cobrindo desse sentimento que não dá pra explicar. Eu nunca quis tanto que o elevador demorasse para me entregar em casa. Eu nunca quis tanto adiar alguma coisa.

Entrei pela porta da sala, porque eu não aguentaria olhar para a caminha vazia dela. Mas é inevitável passar por ali, pelo lugarzinho onde ela sempre esteve. Ela, que sabia se cobrir sozinha. Ela, que sentava e deitava como gente, espirrava como gente, miava como gato e amava como ninguém mais.

Apaguem o Sol, acabem com as estrelas, pintem o céu de luto.
A pior sensação do mundo é continuar procurando por ela, esperar ouvir o latido, o som das patinhas no chão, ver o pacote de comida aberto na janela. É vê-la por toda parte e ter a terrível consciência de que ela não está mais aqui e nunca mais estará. Ela não vai mais comer aquela comida, nem se enrroscar naquele cobertor. Ela não vai latir quando o interfone tocar, ou quando sentir fome. Ela não vai mais espirrar, fazendo aquela cara de bebê. Ela não vai mais sofrer, mas Deus, como posso evitar que eu sofra? Como eu faço para parar de procurá-la?

Quem vai me amar como ela amava? Mesmo quando eu pouco fazia por ela? Mesmo quando eu reclamava dela? Quem vai? E quem vai fazer essa dor parar?

Essa ausência se faz presente o tempo inteiro, acompanhada dessa dor que não me abandona e dessas lágrimas, que não me deixam. Olhe para mim agora mesmo e você verá um vazio bem grande e assustador. Vai embora Sol. Vai para onde quer que ela esteja, esquentar o corpinho dela, do jeito que ela sempre gostou tanto, enquanto ela dorme. Para sempre.


Eu te amo tanto! Você estará sempre viva em mim.



quinta-feira, abril 02, 2009

There's a Hero?

Segundo a Wikipedia: Herói é uma figura arquetípica que reúne em si os atributos necessários para superar de forma excepcional um determinado problema de dimensão épica.

A Wikipedia falou, está falado. Para ser bem sincera, nunca tive isso de ter heróis. Minha mãe sempre foi a pessoa que - acredito eu - mais se aproxima da descrição acima.
Mas não acho que alguém que leia este blog conheça a minha mãe. Azar o de vocês.

De qualquer maneira, sempre há Blair Waldorf. E sempre haverão as roupas de Blair Waldorf. E os planos geniais e malignos de Blair Walforf. E os caras gatíssimos que Blair Waldorf já beijou. E as notas impossíveis que Blair Waldorf sempre consegue na escola. E as festas de Blair Waldorf. E as viagens de Blair Waldorf. E toda a admiração que todos sentem por Blair Waldorf. E a obstinação de Blair Waldorf. E a Dorota, que trabalha para Blair Waldorf.

Mas ter Blair Waldorf como heroína é algo mais fútil do que eu aceitaria ser ou mesmo me espelhar. Então, tem o Charlie Harper. O bem sucedido, engraçado, inteligente, sarcástico, mulherengo, xavequeiro, divertido e boa pinta Charlie Harper. Um dia, eu quero ter a mesma língua afiada e o mesmo poder de persuassão que ele possui. Um dia, eu quero poder ter uma casa em Malibu, com um carrão fenomenal parado na minha garagem. Um dia, eu quero poder trabalhar de shorts pra cima e pra baixo. Um dia, eu quero conseguir manter minha mente jovem pra sempre, do jeitinho que ele faz. Mas, em contrapartida, eu quero amadurecer.

Então, existe o magnífico Caco Barcellos. Magnífico não apenas por ele ser charmosérrimo. Mas por tudo o que ele representa, pela carreira dele e por ele ter escrito o meu livro favorito. Ele é o tipo de pessoa em quem eu amaria me transformar um dia. Ele veio da periferia, ele foi taxista, ele ralou até não poder mais e ele chegou onde eu quero chegar. Ele trabalhou em veículos respeitadíssimos. Ele foi correspondente internacional, ele ganhou mais de vinte prêmios por reportagens especiais e documentários. Ele ganhou o prêmio Jabuti duas vezes. Ele ganhou o Prêmio Especial das Nações Unidas, como um dos cinco jornalistas que mais se destacaram, nos últimos 30 anos, na defesa dos direitos humanos no Brasil. Ele se importou com aqueles que ninguém mais se importa. Ele defendeu e continua defendendo as injustiças sociais. Ele fez aquilo que ninguém mais faz. Ele dá lições sobre como se faz pesquisa e, principalmente, jornalismo. Diariamente. E ele vai ser para sempre lembrado, exatamente como eu quero ser.

Eu poderia falar do Simon Cowell, mas meu texto ficaria muito mais longo, porque eu realmente amo esse cara. A mesma coisa se aplica ao Danilo Gentili, ao Rafael Cortes, ao Marco Luque... Mas para terminar com chave de ouro, tem a Stefhany do Crossfox. Ela ficou famosa através da internet. Ela não fica mais esperando ninguém no portão. Ela mobilizou o twitter, em pleno domingo, só porque estava no Gugu (urgh). Ela é linda. Ela é absoluta. Ela é Stefhany. E acho que, dito isso, não preciso falar mais nada.

Quem é seu herói?