sexta-feira, abril 05, 2013

Mais uma.



De tempos em tempos, escrevo uma carta para você. Você nunca respondeu. Dessa vez, no entanto, não é culpa sua. Você nunca recebeu nenhuma delas. Você nem sabe que eu escrevo. E, certamente, nem sabe que a sua ausência está, até hoje, tão presente na minha vida. Eu não sei por que insisto nisso. Não entendo por qual motivo simplesmente nunca consegui deixar você ir. Logo eu, que sempre consegui me desligar das pessoas tão facilmente. 

Mas não consigo evitar. Não com você. Quando acho que segui em frente, percebo que já não pensava em você há meses. E ao fazer isso, é lógico, estou pensando em você. É o fim dos meses sem a sua lembrança me incomodando o peito, martelando a dor da saudade. Daquele espacinho que você vinha ocupando em um cantinho quase invisível do meu inconsciente, você se agiganta e começa a ocupar todo o meu ser.

O que você diria se soubesse que eu quase morri? O que você acharia se eu te contasse que já faz quase cinco meses que me mudei? Fico me perguntando, sem querer imaginar as respostas de verdade. Porque a verdade é que você não se importa. Você não está nem aí. Se estivesse, teria me ligado, teria me procurado, teria insistido. Não teria desistido de mim.

Por que não consigo desistir de você? Será que você já terminou a faculdade de Direito? Por que eu não consigo desistir de você? Como será que estão sua mãe, seu irmão, seus avós? Por que eu não consigo desistir de você? Será que sua casa ainda parece um zoológico? Aí eu lembro que nunca cheguei a conhecer a sua casa nova. Não sei quantas vezes mais você foi à Disney. Nem se você ainda coloca um CD de músicas natalinas para tocar incessantemente no som do carro em todo o mês de dezembro. Eu não sei mais quem é você. E, com isso, só sei que, seja lá quem você tenha se tornado, eu nem te conheço ainda, mas você consegue amargar meu dia e seu silêncio fica gritando nos meus ouvidos.

Por quê?