Passar cinco minutos que fosse ao lado dela era um suplício. O celular não parava de tocar, fossem ligações, fossem SMS's. O MSN dela era desesperador: 800 contatos online, 34 janelas de conversa abertas e bombando alucinadamente, piscando igual luzinha de natal. Era incrível a quantidade de convites que ela recebia para fazer de tudo. Enquanto meu celular tocava duas ou três vezes por dia, sendo que a maior parte das vezes era minha mãe querendo saber onde eu estava.
Enquanto isso, eu passava os sábados e domingos em casa, assistindo Ugly Betty, American Idol e até o Silvio Santos. Não passava um dia sem que todos os testimoniais do perfil dela não tivessem sido substituídos por outros doze novos, declarando o quão legal e bacana ela era e como ela tinha se revelado uma pessoa insubstituível em tão pouco tempo. O guarda-roupa também era muito invejável. Milhões de roupas, seiscentas calças jeans, nove mil e trezentas blusinhas, seis mil e doze jaquetas. Nada ali era feio. Nem barato. E quando ela ia ao shopping, ainda voltava abarrotada de sacolas. Tudo dela sempre foi o melhor. As viagens, os amigos, as baladas, as histórias, as roupas. Menino nunca faltou. Era até meio galinácea.
Tudo (e todos) que ela quis, ela teve. E talvez por isso, apesar de - ou por causa de - tudo o que ela tinha na vida, ela era vazia. Oca, da mesma forma que meu estômago ficava toda vez que a gente estava juntas. Eu admito: já senti inveja, já quis ser um terço de tudo o que ela era. Já chorei por alguma coisa horrível que ela falou lá de cima do seu pedestal. Mas justamente por estar tão perto sempre, eu percebi que aquilo não significa nada. Eu percebi que todo aquele teatro escondia coisas horríveis e que ser ela não era fácil. Você não pode errar, tem que estar sempre perfeita, dizer as coisas certas, vestir os modelitos certos, ir aos lugares certos e estar cercada de pessoas que nem sempre são certas para você. Viver uma vida onde você tem que representar o tempo inteiro é muito desgastante.E eu sei que - cedo ou tarde - ela vai descobrir que aquilo que ela sente não é felicidade. É superficialidade.
Pauta pro blog ;*
----------------------------------------------------------------------------
Assinar:
Postar comentários (Atom)
7 palpites bem-vindos!:
Passei só pra dizer que adorei o blog, estou acompanhando!
Beijos
Perdi a conta de quantos posts li desse blog nos últimos meses. Sem brincadeiras, li quase todos, mas estava esperando um para comentar.
Nossa, você escreve muito bem, é tipo um exemplo pra mim, sabe? Você coloca seus sentimentos nos textos e eu acho isso perfeito.
Bom, continua escrevendo e postando sempre que der, amo - sem noção - ler seus textos. *-*
Eu não troco minha vidinha comum por uma superficialidade dessas... Bom texto. :)
Nossa, eu AMO AMO AMO AMO o que tu escreve... A gente lê rápido e não cansa, é um dom lindo quem consegue escrever assim!
beijos.
Ficou lindo o texto, as perfeitinhas infelizmente vivem de pose, quando elas errarem a pose, a horao modelito ou o que for, o mundo se vira contra elas, porque por fora ela é tudo e mais um pouco, por dentro são órgãos vivendo em vão, vegetando praticamente por não dar muito valor ao que vem de dentro.
:*
Adorei esse post,realmente,representar o tempo todo é muito cruel,é chato.Temos que ser naturais o tempo todo..
beeijo
=*
Adoro seus textos, desculpa aiih mais corinthians campeãoo! E escrevaa maaais, eu visito quase todo diaaa, e fico louca da vida quando não tem nada novoo!
Postar um comentário