É difícil olhar para qualquer coisa no mundo e não lembar de você. Ontem, no ônibus, chorei o caminho inteiro, até que consegui adormecer. Se ando na calçada, lembro do jeito como você sempre envolve meu corpo com o braço, e me puxa sempre para o lado de dentro da rua, para me proteger dos carros.
Se pego o ônibus para voltar para casa depois de um dia de trabalho, não consigo não pensar em todas as vezes que já pegamos este e tantos outros ônibus juntos. Em quantas vezes você me levou até em casa, só pra saber que eu ficaria bem. E em quantas vezes você me abraçava o caminho inteiro até chegar em casa e me deixava encaixar minha cabeça no lugarzinho entre seu ombro e seu pescoço, lugarzinho que é meu.
Passo na Berrini e lembro de quantas vezes você foi me encontrar lá, depois do trabalho, das vezes que comemos na padaria ali, nas vezes que você fez companhia a mim enquanto eu ia até o caixa eletrônico, sacar dinheiro. Lembro até mesmo da última vez, que ficou esperando o ônibus ali perto comigo, depois de irmos ao hospital juntos e almoçarmos num restaurantezinho bonito ali próximo. E eu lembro disso e choro.
E eu choro enquanto eu escrevo cada palavra deste texto. Quando lembro do meu caminho até em casa ontem e todos os outros dias, lembro que passo na frente do Shopping Morumbi, todo iluminado, com luzinhas de Natal. E aí lembro que passamos ali juntos no dia em que inauguraram aquela iluminação. E lembro em como você gosta de Natal e de luzinhas pisca-pisca. Lembro também de quantas vezes nós jogamos basquete juntos ali naquele shopping e do quanto isso nos diverte.
E fecho os olhos para tentar parar de pensar, para tentar parar de lembrar, porque eu já percebi que toda e qualquer coisa que eu faça na minha vida me lembra imediatamente você. E eu não quero estar de olhos abertos quando passar na Washington Luiz, porque a gente sempre passa ali juntos, porque aquele caminho pode me levar até a tua casa. E porque é ali que a gente desce para pegar justamente este mesmo ônibus que eu estava ontem e estou todos os dias.
Eu nunca mais vou poder andar para a minha casa sem lembrar de você. Eu nunca mais poderei passar atrás do Hotel e da padaria, naquela rua escura que eu sempre tenho medo de passar, sem lembrar de como é diferente passar ali com você. E de como, nessa semana, você falou comigo no telefone o caminho inteiro até a minha casa, me acalmando, porque eu estava irritada com o motorista do ônibus e porque eu estava com medo de passar ali sozinha.
Eu não consigo subir aquela rua que pego pra ir pra casa, com as casas legais, sem querer te ligar, pra avisar que estou a reta final para chegar em casa. E é simplesmente impossível não passar na parte onde fica o guarda da rua, sem pensar em todas as vezes que demos "boa noite" para ele juntos. E de todas as vezes que eu dei boa noite para ele apenas com a cabeça, porque eu estava falando no celular com você.
Aí eu chego na frente do meu prédio e choro porque é como se eu visse você sentado ali na escadaria, me abraçando na noite fria, no meio da madrugada. E eu percebo que nunca mais vou conseguir entrar em casa sem pensar nisso. E sem enxergar nós dois ali, juntos, nos despedindo noite após noite.
E eu não posso olhar pro meu celular, porque é a sua foto que está lá no fundo da tela. E eu lembro imediatamente de quantas fotos nossas e suas tem ali dentro. E de quantas vezes você fez a tela do meu celular idiota voltar ao normal, com suas mãozinhas mágicas. E lembro de quantas partidas de xadrez nós já disputamos juntos. E que eu perdi a maioria.
E quando eu lembro do xadrez, eu lembro das partidas de baralho. E eu não aguento.
E se você soubesse como é difícil olhar pro meu celular, sem te ligar e falar tudo o que eu queria, você então compreenderia.
Dentro da minha bolsa, onde eu jogo meu celular na tentativa de parar de pensar em você e de chorar, tem um envelope recheado com doze fotos nossas, que eu revelei essa semana. E aí eu entendo que tudo o que eu fizer para evitar pensar em você, só vai me fazer pensar em você ainda mais. E como dói.
Dentro da minha bolsa, onde eu jogo meu celular na tentativa de parar de pensar em você e de chorar, tem um envelope recheado com doze fotos nossas, que eu revelei essa semana. E aí eu entendo que tudo o que eu fizer para evitar pensar em você, só vai me fazer pensar em você ainda mais. E como dói.
Nunca vou poder pegar um avião, sem pensar que você sempre diz que minha primeira viagem de avião vai ser com você. Nunca vou poder ir sozinha pra nenhum dos lugares que eu sempre quis porque sempre imaginei todas essas viagens com você do meu lado. Eu nunca vou poder ser mãe. Porque ter flhos sem ter você sendo o pai acabaria comigo e com absolutamente todos os planos que fiz. Eu nunca vou poder entrar em um estádio de futebol, ou até mesmo assistir a um jogo na tevê, sem pensar em você.
Eu nunca mais vou poder ouvir música, ouvir rádio, sem pensar em você. Nenhuma música sequer.
Até quando eu choro, lembro de você me acalmando e pedindo pra parar de chorar. Como é possível? Como dá pra viver assim? Todas as roupas que existem no meu guarda-roupa me lembram algum dia que passamos juntos, algum dia que você disse que eu estava linda, algum dia que você olhou e disse: "Opa, essa roupa eu não conheço". Ou então, as roupas estão em alguma das milhares de fotos que temos juntos.
Se um dia eu precisar realmente me desfazer de tudo que me lembra você, como manda aquela mulher do programa que eu assisto vez ou outra no Discovery Home and Healthy, vou ter de me desfazer de toda a minha vida. Porque, de verdade, eu não acho que consiga existir sem você.
8 palpites bem-vindos!:
Esse post me encheu de uma melancolia... Passei recentemente por muitos sentimentos assim, de saudade, de perda. Sei bem como é. É chato ouvir, mas é verdade: passa. Dói - e muito - mas passa.
oi, tava passeando pela net e vi seu blog. bem não é assim que fazemos novos amigos? perambulando pela net? kk Eu também tenho um blog, posto todos os dias (ou quase). Sempre que quiser passa la. bjo
Seu post me lembrou uma música do Capital Inicial "(...) eu vou estar em tudo o que você vê: nos seus livros, nos seus discos, vou entrar na sua roupa e onde você menos esperar, eu vou estar"
As lembranças ficam mesmo, mas elas devem nos acompanhar e não nos prender ao passado.
beijos
Coloca na sua lista aí, que toda vez que vc abrir seu blog vai lembrar de mim chorando na mesa do trabalho por ler seu post!
Dói demais.
A gente tem que se reconstruir.
E aí que vem a parte boa: existem milhares de possibilidades! Viva!
Jesus... me identifiquei super...
Beijos,
Tati
putz ........ =\
chorei. nusss
As vezes a dor dói tanto que acaba fazendo parte da nossa vida, e aquilo se torna tão viciante que temos medo de deixar a dor ir embora.
Postar um comentário