quinta-feira, agosto 16, 2012

Comichão é uma palavra feminina.


E tudo o que ela sentia naquele momento era aquela chata coceira de não pertencer. Uma fisgada angustiante que começava leve, como uma comichão incômoda, pontuada por um despeito delicado.
Despeito, inveja. Dava tudo na mesma. Sentia-se na merda. Como se colocada de lado. Como se o mundo tivesse cortado a internet dela e só dela. Como se tivessem tirado do ar a tevê, o telefone e a rede de celulares dela e só dela.

Será que não significava nada para ninguém? Será que, mais uma vez, havia se enganado com toda essa história de amizade? Ilusão vinha se tornando uma coisa estranhamente comum nos últimos... Todos os anos de sua vida, agora que parava para pensar. Desde a primeira amiguinha, até as aquelas últimas pessoas a quem chamava de “amigos”. Sempre gostava e se importava mais do que gostavam e se importavam com ela.


Seria uma sina?

Não queria sentir nada daquilo. Não queria ter aquela necessidade quase irresistível e fisiológica de pertencer. Não preciso disso - pensava de forma superior. – Não preciso de ninguém.
Mas, no fundo, no fundo, sentia-se pequena e inferior como um grão de areia. Justamente porque ninguém precisava realmente dela.   

2 palpites bem-vindos!:

Amelie disse...

Adorei!! Continue escrevendo sempre assim...

Venusiana disse...

Interessante que achei seu blog super por acaso e bem, me apaixonei.
E esse seu post produz aquela velha agonia de nos mostrar como seres humanos, infantis e bem, inúteis. Ao invés dos super-humanos que fazemos questão de projetar.
Parabéns, continue escrevendo. ;)